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segunda-feira, 1 de outubro de 2012

O Mundo em Luto - Morre em Londres, aos 95 anos, o historiador Eric Hobsbawm.





















Eric Hobsbawm, em foto de 1976; o historiador escreveu obras consideradas definitivas sobre a história moderna
Foto: Getty Images

Um dos maiores historiadores do século XX e famoso marxista, Eric Hobsbawm morreu nesta segunda-feira em Londres, aos 95 anos, segundo um comunicado da família divulgado pelo jornal britânico The Guardian. Hobsbawm morreu no começo da manhã nesta segunda-feira no hospital Royal Free de Londres, onde estava internado.
"Ele morreu de pneumonia nas primeiras horas da manhã em Londres", afirmou a filha do historiador, Julia Hobsbawm. "Ele fará falta não apenas para sua esposa há 50 anos, Marlene, e seus três filhos, sete netos e um bisneto, mas também por seus milhares de leitores e estudantes ao redor do mundo".
Hobsbawm é autor de quatro volumes considerados definitivos sobre a história dos séculos XIX e XX, abordando a trajetória europeia da Revolução Francesa à queda da União Soviética, entre outras obras.
Sua análise começa com a publicação de Era das Revoluções, que abrange o período de 1789 a 1848. Na sequência vêm A Era do Capital (1848-1875) e A Era dos Impérios (1875-1914). As três obras abrangem o que ele denominou "o longo século XIX".
Em 1994 ele publicou A Era dos Extremos, obra que abrange o período subsequente à Revolução Russa de 1917 e que vai até queda do regime soviético, em 1991. O livro sobre o "breve século XX" foi traduzido para quase 40 línguas e recebeu muitos prêmios internacionais. O historiador Niall Ferguson, colega de Hobsbawm, classificou a obra como "o melhor ponto para qualquer um que queira começar a estudar história moderna.
Em suas obras, Hobsbawm defendeu o poder das ideias de Karl Marx para analisar o mundo comtemporâneo. Seu compromisso com os princípios comunistas o converteram em uma figura controversa, especialmente por sua filiação ao Partido Comunista britânico - que continuou mesmo depois da invasão soviética na Hungria, em 1956.
Anos depois, ele disse que "nunca tentou diminuir o que aconteceu na Rússia", mas que acreditou, durante os primeiros anos de comunismo, que "um novo mundo estava nascendo em meio a sangue, lágrimas e horror: revolução, guerra civil fome. Obrigado ao Ocidente, nós tínhamos a ilusão de que mesmo este brutal sistema iria funcionar melhor do que o Ocidente. Era isso ou nada".
O historiador nasceu em uma família judia em Alexandria, no Egito, em 1917, e cresceu em Viena e Berlim antes de se mudar para Londres em 1933, ano em que Hitler subiu ao poder na Alemanha. Sua trajetória acadêmica começou em Marylebone, passando por Kings College, Cambridge até se tornar professor na Universidade de Birkbeck em 1947, o começo de uma parceria que culminou na reitoria da instituição. Também foi professor convidado na Universidade de Stanford, no Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) e na Universidade de Cornel.

Eric Hobsbawm - a História não morre nunca! (WKP)


Eric John Earnest Hobsbawm (Alexandria9 de Junho de 1917 - Londres1 de outubrode 2012[1]) foi um historiador marxista reconhecido internacionalmente.
Um de seus interesses foi o desenvolvimento das tradições. Seu trabalho é um estudo da construção destas no contexto do Estado-nação. Ele argumentara que muitas vezes as tradições são inventadas por elites nacionais para justificar a existência e importância de suas respectivas nações.

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.Vida

Nasceu no Egito ainda sob o domínio britânico, e tem, por isso, nacionalidade britânica. Hobsbawm, que teve seu sobrenome alterado por erro de escrituração, é filho de Leopold Percy Hobsbaum, inglês, e Nelly Grün, austríaca, ambos judeus. Tem uma irmã chamada Nancy. Passou os primeiros anos de sua vida em Viena e Berlim. Nessa época, tanto a Áustria quanto a Alemanha sofriam com a crise econômica e a convulsão social, conseqüências diretas da Primeira Guerra Mundial

Seu pai morreu em 1929, e sua mãe, em 1931. Ele e sua irmã foram adotados pela tia materna Gretl e seu tio paterno Sydney, que se casaram e tiveram um filho chamado Peter. Mudaram-se para Londres em 1933.
Hobsbawm casou-se duas vezes, primeiro com Muriel Seaman em 1943 (divorciou-se em 1951) e logo com Marlene Schwarz. Com esta última teve dois filhos, Julia e Andy, e um filho chamado Joshua de uma relação anterior.
Faleceu em 1 de Outubro de 2012, no hospital Royal free de Londres, após algum tempo doente.

[editar]Política, vida acadêmica e obra

Em 1933, quando Adolf Hitler chegou ao poder, Hobsbawm mudou-se para Londres. Já havia nesse período iniciado seus estudos das obras de Karl Marx. Fugindo das perseguições nazistas, mas também por ter ganhado uma bolsa para estudar na Universidade de Cambridge, Hobsbawm formou-se em História. Um evento importante para a sua formação intelectual e de seus princípios como historiador, foi a resolução de seu tio de se mudar da Alemanha, levando a família e os negócios para a Inglaterra, o quanto antes, assim que Hitler, mesmo ficando em segundo lugar nas eleições de 1933, foi chamado para ser primeiro ministro, a pedido do presidente, do Partido Conservador, ganhador das eleições, Hindenburg. Essa atitude garantiu a sobrevivência de toda a família judáica, bem como a salvação de suas economias. Hobsbawm vê nesse acontecimento a evidência cabal de que análises históricas bem formuladas podem indicar as tendências futuras com um grau elevado de acerto. Uma de suas preocupações é aprimorar as análises históricas para criar mecanismos mais eficientes de predições econômicas e sociais. Ele mesmo faz algumas em seus livros - como a dificuldade de Israel se manter no Oriente Médio se mantiver apenas a força militar como apoio. Tornou-se militante político de esquerda e ingressou no Partido Comunista da Grã-Bretanha, que então apoiava o regime estalinista, o mesmo regime que anos antes havia exilado parte da ala crítica ao PC soviético, incluindo Leon Trótski, fundador da Quarta Internacional.
Durante a Segunda Guerra Mundial (1939/1945), participou de mais um importante período do século XX, ao integrar o Exército Britânico contra os nazistas. Foi responsável por trabalhos de inteligência, pois dominava quatro idiomas. Seu início no Exército Britânico foi nos anos de 1939-1940 onde fez parte de uma divisão que cavava trincheiras e preparava bunkers no litoral do país, como forma de impedir a "Operação Leão Marinho", que seria a invasão da Inglaterra por exércitos anfíbios. Com o fim da guerra, Hobsbawn retornou à Universidade de Cambridge para o curso de doutorado. Também nessa época juntou-se a alguns colegas e formou o Grupo de Historiadores do Partido Comunista.
Foi membro do grupo de historiadores marxistas britânicos, como Christopher HillRodney Hilton e Edward Palmer Thompson que, nos anos 60, diante da desilusão com o estalinismo, buscaram entender a história da organização das classes populares em termos de suas lutas e ideologias, através da chamada "História Social".
Para analisar a história do trabalhismo e os diversos aspectos que a envolvem, como as revoluções burguesas, o processo de industrialização, as diferentes manifestações de resistência, luta e revolta da classe trabalhadora, Hobsbawn dedicou-se à interpretação do século XIX.
Sobre esse período, que segundo ele se estende de 1789 (ano da Revolução Francesa) a 1914 (início da Primeira Guerra Mundial), publicou estudos importantes, como "Era das Revoluções" (1789-1848), "A Era do Capital" (1848-1875) e "A Era dos Impérios" (1875-1914). Hobsbawn é responsável por análises aprofundadas sobre aquilo que chama de “o breve século XX”.
Um desses livros, em especial, rendeu-lhe reconhecimento e prestígio: "A Era dos Extremos", lançado em 1994, na Inglaterra, tornou-se uma das obras mais lidas e indicadas sobre a história recente da humanidade. Nela analisa os principais fatos de 1917 – fim da Primeira Guerra Mundial e ano da Revolução Russa – até o fim dos regimes socialistas da ex-União Soviética, em 1991, e dos países do Leste Europeu.
Também importante no conjunto de sua obra é seu livro mais recente, "Tempos Interessantes", publicado em 2002, no qual discorre novamente sobre o século XX e inter-relaciona os fatos históricos com a trajetória de sua vida. Por isso é considerado umaautobiografia diferenciada. Em 2003 ele ganhou o Prêmio Balzan para a História da Europa desde 1900.
Considerado um dos historiadores atuais mais importantes, Hobsbawm, além de velho militante de esquerda, continua utilizando ométodo marxista para a análise da História, sempre a partir do princípio da luta de classes. É membro da Academia Britânica e da Academia Americana de Artes e Ciências. Foi professor de História no Birkbeck College (Universidade de Londres) e ainda é professor da New School for Social Research de Nova Iorque.
Entre seus livros podem ser destacados exatamente seus estudos sobre as classes dominadas, como
  • Trabalhadores
  • Bandidos e
  • História Social do Jazz
Escreveu também estudos sobre a história das ideologias políticas e sociais, como
  • Nações e Nacionalismos e
  • A Invenção da Tradição e também uma autobiografia,
  • Tempos Interessantes

[editar]Livros publicados

  • A Era das Revoluções
  • Era do Capital
  • A Era dos Impérios
  • Era dos Extremos
  • Sobre História
  • Globalização, Democracia e Terrorismo
  • Da Revolução Industrial Inglesa ao Imperialismo. Rio de Janeiro: Forense-Universitária, 1979 (Segunda Edição)
  • História Social do Jazz
  • Pessoas Extraordinárias: Resistência, Rebelião e Jazz
  • Nações e Nacionalismo desde 1780
  • Tempos Interessantes (autobiografia)
  • Os Trabalhadores: Estudos Sobre a História do Operariado
  • Mundos do Trabalho: Novos Estudos Sobre a História Operária
  • Revolucionários: Ensaios Contemporâneos
  • Estratégias para uma Esquerda Racional
  • Ecos da Marselhesa : dois séculos revêem a Revolução Francesa / Eric J. Hobsbawm ; tradução Maria Celia Paoli. São Paulo:Companhia das Letras, 1996.
  • As Origens da Revolução Industrial/ tradução de Percy Galimberti São Paulo: Global Editora, 1979.

[editar]Co-edição ou organização

  • A Invenção das Tradições
  • História do Marxismo (12 volumes).