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domingo, 10 de outubro de 2010

Edmilson: disputar “3º mandato de prefeito será uma honra”

Do Espaço Aberto
Na condição de partido que será representado na Assembleia Legislativa por Edmilson Rodrigues (na foto), o mais votado no último domingo, quando recebeu 85.412 votos, o PSOL só não o terá como candidato a prefeito de Belém, em 2012, se não quiser.
“A depender do PSOL e do povo de Belém, o concurso a um terceiro mandato de prefeito de Belém será pessoalmente a maior honra para mim”, diz Edmilson em entrevista exclusiva ao Espaço Aberto.
Ele atribuiu a sua condição de campeão de votos na eleição para a Assembleia ao reconhecimento popular “contra a velha forma do fazer político baseada na enganação, na corrupção”.
O deputado sinaliza que o PSOL não fechará nem com Simão Jatene (PSDB), nem com Ana Júlia (PT) no segundo turno, porque ambos, conforme avalia, têm a “mesmíssima concepção estratégica”. E afirma que Flexa Ribeiro (PSDB) e Marinor Brito (PSOL) são, de fato, os senadores eleitos. “O Jader, até que se prove o contrário, sequer foi candidato ao Senado”, garante.
A seguir, a entrevista.

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Com essa montanha de votos que você recebeu, é exagero prever que o deputado estadual eleito Edmilson Rodrigues é o candidato em potencial do PSOL a prefeito de Belém, em 2012?
Minha única condição ao PSOL para aceitar se candidato a deputado foi a de que o partido me desse um tempo para escrever minha tese a fim de concluir meu doutorado na USP. O partido entendeu que, para além da política eleitoral, há minha vida profissional como professor, que é minha fonte de sobrevivência. Defendi minha tese doutoral no último dia 15 de setembro, tendo sido aprovado com distinção e louvor, além de vê-la indicada para publicação. Resolvida essa minha lacuna profissional ainda durante a recente eleição, a depender do PSOL e do povo de Belém, o concurso a um terceiro mandato de prefeito de Belém será pessoalmente a maior honra para mim. Imagina, Paulo, a felicidade que qualquer belenense honesto e amante de nossa bela cidade terá em governá-la para a festa de seus 400 anos de fundação, o que ocorrerá em 12 de janeiro de 2016.

A que você atribui a condição de mais votado para a Assembleia?
Essa votação é a manifestação concreta da vontade do povo contra a velha forma do fazer político baseada na enganação, na corrupção, no privilegiamento dos mais ricos e da lembrança de que os pobres existem apenas nos períodos eleitorais. Mas é principalmente o reconhecimento do trabalho revolucionário que realizamos à frente do Governo do Povo, quando, mediante um processo massivo de participação popular nos rumos da cidade, invertemos prioridades e projetamos Belém para o mundo como terra da democracia e das conquistas populares. Os prêmios de Prefeito Criança da UNICEF/ONU-Abrinq; os prêmios Dubai (ONU) para as melhores práticas do mundo entre mais de 50 premiações mostraram que Belém pode ser vista como cidade de direitos, como Cidade Criança; que não precisa continuar ocupando as manchetes policiais devido à ação de governos que só tem servido para envergonhar e destruir nossa cidade e nossos sonhos.

O PSOL fecha com quem no segundo turno? Ou não fecha com ninguém? Como é que o partido avalia os projetos de Simão Jatene e Ana Júlia para o Estado?
O PSOL, em breve, terá uma posição oficial para orientar a militância no segundo turno. Eu creio que a posição que vigorará será não fechar com um ou outro. Jatene e Ana Júlia têm a mesmíssima concepção estratégica; ambos defendem a manutenção do modelo de crescimento baseado em um tipo de modernização conservadora e incompleta que só pode redundar em destruição da biodiversidade e da sociodiversidade amazônicas e da soberania do estado territorial sobre esse nosso subespaço estratégico para o futuro de nosso país. Eles não veem mais nada além de números indicadores dos lucros das madeireiras, mineradoras como a Vale, dos agronegocistas do gado, da cana ou da soja. Falam de uma riqueza nas mãos das grandes corporações como se isso representasse algo de bom para o Pará e para nosso povo. Esquecem de dizer que quando maior a concentração de riquezas, maior também a pobreza e a miséria nos lares das famílias do campo e da cidade. E, em consequência, o aumento da violência em suas diversas manifestações: prostituição infantil, doenças da pobreza, narcotráfico etc. Deve-se fazer referência ao fato de o PT ainda ter entre seus milhares de militantes pessoas comprometidas com o ideal de um mundo novo, de uma sociedade igualitária, democrática e feliz. Contudo, na medida em que as base perderam a capacidade de influenciar nas decisões, a cúpula vai continuar impondo as políticas antipovo e as alianças espúrias como as que colocam no mesmo palanque o prefeito atual, políticos como o Sefer, entre outros.

O TSE, até o presente momento, considera eleitos para o Senado o tucano Flexa Ribeiro e a ex-vereadora Marinor Brito (PSOL). Mas o deputado federal Jader Barbalho (PMDB) defende que ele, mesmo na condição de sub judice, é o eleito, porque recebeu 1,799 milhão de votos. Como você avalia essa situação?
O Jader, até que se prove o contrário, sequer foi candidato ao Senado. Pelo menos foi essa a decisão do Tribunal Superior Eleitoral. O Estado Democrático de Direito permitiu a ele recorrer ao Supremo Tribunal Federal contra a decisão do TSE. O STF vive um impasse porque a votação sobre a Lei da Ficha Limpa resultou em um empate. Em tese, a mais elevada corte da justiça brasileira ainda pode decidir anular a decisão do TSE, mas terá que arcar com o ônus. Creio que uma decisão favorável a anulação dessa lei de iniciativa popular poderá redundar em uma crise sem precedentes de credibilidades das instituições do estado brasileiro. Por isso, minha convicção é a de que o STF deverá respeitar a vontade popular e manter Flexa e Marinor como os verdadeiros representantes da vontade popular.

A Lei da Ficha Limpa é um avanço para moralizar a vida pública?
Acho que ela pode ser aperfeiçoada de modo a não nivelar todos os crimes como sendo da mesma gravidade. Mas esse é um debate a ser travado no futuro. Creio que agora essa lei que só foi possível pelo esforço de mais de um milhão de pessoas para torná-la um projeto e depois uma lei de iniciativa popular tem cumprido papel positivo na afirmação de princípios éticos para o exercício de mandatos eletivos.

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