No ano passado a Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou os governos de países do Hemisfério Sul para que monitorassem de perto novos surtos de gripe suína. Mesmo consciente da gravidade do problema, o governo brasileiro lavou as mãos e optou por retardar as ações preventivas que ajudassem a conter um novo surto no Brasil. Negligenciou. Com a chegada do inverno e a potencial propagação da gripe que continua assustando e matando pessoas no mundo, resolve anunciar, somente agora, uma campanha nacional de vacinação.
Em dois meses, 70 milhões de brasileiros serão vacinados, é o que pretende o governo. Gestantes, crianças, adultos entre 20 e 39 anos e doentes crônicos serão os alvos. Mas ao que parece, esta será uma obra pela metade, o próprio Ministério da Saúde admite que o objetivo da campanha não é conter o vírus, e sim vacinar as pessoas “mais vulneráveis”, priorizando os chamados “grupos de risco”. Estão excluídos da campanha bebês de até seis meses de idade, jovens de 2 a 20 anos e adultos de 40 a 59 anos. Em outras palavras, significa dizer que, a vacina não chegará para todos os brasileiros.
No Pará, o governo admitiu o novo surto da doença, escalando assim o seu departamento de vigilância à saúde, para declarações surpreendentes a respeito da gripe. Admitiu estarmos vivendo uma segunda onda da doença, e que este é o vírus de maior circulação entre as pessoas. Admitiu que os casos confirmados haviam quadruplicados nas semanas que antecederam a campanha de vacinação e que não haveria vacinas para todos. E quanto aos mortais, sem direitos à vacina que tomassem os cuidados necessários para evitar o contágio. Chega a ser uma chacota com o povo paraense, que sequer conta com a rede de saúde pública para os casos mais comuns. Este é um retrato da destruição da saúde no Brasil e no Pará.
E por quê esta campanha não se estende a toda população? Seriam medidas de economia? Em que bases científicas foram tomadas essa decisão? Na verdade, os governos subestimam a inteligência da população e operam na certeza da impunidade. A exclusão é um absurdo, uma violação de direitos, pois todas as pessoas correm risco sim, seja no transporte, nas escolas, nas creches, nas fábricas e ambientes fechados, seja pela falta de saneamento básico ou mesmo pela falta de informações através de campanhas adequadas e eficazes. Esta decisão não se justifica em hipótese nenhuma. Não admitem a sua própria incompetência e a irresponsabilidade com que tratam a saúde pública.
Lamentável, o governos federal, os governos estaduais e municipais, alinhados com esta política, procuram economizar na saúde da população. A questão é política: falta de prioridade com a saúde da população deste país. Fico furiosa quando penso no quanto pagamos de impostos para sermos tratados com tanto descaso.
Marinor Brito
É Ex-Vereadora de Belém,
Presidente Municipal do PSOL - Belém/Pa,
E é da equipe editorial do Ponto de Pauta.
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