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quarta-feira, 6 de julho de 2011

2012: qual será o destino de Marinor?

Ex-vereadora por três mandatos seguidos em Belém, ex-petista e uma das fundadoras do PSOL no Pará, a senadora Marinor Brito poderá deixar o Senado Federal nos próximos meses em virtude da não-aplicação da Lei da Ficha Limpa para as eleições 2010.

É peculiar analisar os contornos dos 727.583 votos dessa candidatura, dos quais 260.575 recebidos na cidade das mangueiras, no contexto dos dados eleitorais de 2010. Eles subsidiam a construção de algumas constatações:

I. de todos os votos por ela recebidos no Pará, mais de 35% vieram só do município de Belém (que tem apenas 25% dos votos paraenses, denotando aí já um adensamento)

II. apenas neste mesmo município, o eleitorado de Marinor representou o equivalente a 70% do eleitorado de Flexa Ribeiro (senador reeleito pelo PSDB), porém com um suporte material muito menor.

III. ainda só na capital, a quantidade de votos que recebeu para senadora representou mais de 97% da quantidade de votos recebida por Ana Júlia Carepa no primeiro turno. Ficou apenas 6.251 votos atrás da então governadora do estado, mas usufruindo de um apoio incomparavelmente menor.

IV. tomando por base os votos para governador (uma vez que para senador a pessoa tem dois votos, mas pode anular nenhum, um ou ambos votos), Marinor Brito conseguiu o voto de mais de um terço dos eleitores válidos belenenses.

V. o eleitorado dela no maior município do estado representa quase 12 quocientes de vereador. Em outras palavras, caso consiga manter o equivalente a 8,42% dos votos senatoriais, já faz sozinha um quociente eleitoral de vereadora.

Os dados aqui apresentados denotam que o patrimônio eleitoral acumulado pela senador nos últimos anos gabarita-a tranquilamente a regressar à Câmara Municipal de Belém e, não obstante, talvez uma cadeira de vereadora seja pouco para o tamanho desse patrimônio, abrindo possibilidades outras para 2014.

Até mesmo Outubto, seria difícil alguém acreditar que a bancada senatorial paraense poderia ter a composição atual, diante de um cenário tripolarizado por grandes partidos (PT, PSDB e PMDB) em busca de apenas duas vagas: contudo, os três candidatos contavam com alta rejeição - não é para menos que o fator decisivo para Flexa Ribeiro ser o mais votado não foi sua popularidade (pois era uma figura anômina junto ao grande público), mas sim a sua baixa rejeição. O voto em Marinor Brito foi voto de protesto e virou uma sensação, algo inesperado - o preenchimento de um vácuo deixado pelos grandes partidos.

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